Murmurava-lhe ao ouvido palavras e saliva.
Ele fechou os olhos ouvindo as palavras.
Como se as desconhecesse. Como se aprendesse o som que têm as palavras.
Ela disse dos gestos que faria. Como o tocaria.
E ele soube que as palavras são gestos quando ditas assim, molhadas e sussurradas.
Aprendeu o som dos gestos.
Os olhos fechados seguindo palavras e voz.
Ela disse-lhe do sabor da pele.
Enrolou na língua pele e sabores e descreveu-os para que ele os soubesse.
Ele sentiu a pele como nunca a sentira.
Ele. Pele. Sabor.
Palavras que ela dizia e saboreava.
Ela disse dos segredos que os dedos lhe contavam quando o tocava.
Segredos que guardara nas mãos e que sem voz lhe dissera.
Ele entendeu os gestos feitos.
Percebeu que o corpo conta histórias, guarda segredos.
E o corpo recordou as palavras que ela murmurava.
E sentiu os gestos e redescobriu segredos.
Ela disse-lhe então do prazer.
Do corpo fechado num grito. Dos olhos que se abriam em espanto.
Do grito dele que a rasgava.
Da ternura que os colava e era amor.
Ele pediu-lhe baixinho:
- Diz-nos outra vez.
Por: Encandescente.
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