Sunday, September 26, 2004

23 de Junho de 2001

As mãos deslizam suavemente
ao longo do seu ser belo e quente,
contrastando com as pontas dos dedos gélidas e frias
que a arrepiam, que a fazem sonhar,
levando-a ao paraíso,
levando-a para um mundo doce e mágico,
onde tudo muda, tudo permanece,
onde o tempo não existe...
Os lábios suaves passeiam por todo o seu corpo,
fazendo-a estremecer, levitar,
levando-a para além da morte, para além da vida,
para uma dimensão inexistente e irreal,
onde nada muda, nada permanece,
onde o tempo é intemporal...
Mas, de repente, tudo acaba,
tudo volta ao real...
Olha para o lado e está sozinha,
fecha os olhos e o mundo imaginário que via mudou,
nada é o k era,o que lhe dava vida morreu,
assim como ela.
A sua alma foi violada e mutilada,
o seu corpo não passa de um corpo frio e abandonado,
os seus olhos já não brilham quando olha para a lua,
já não cintilam quando vê a beleza de um pôr do sol,
os seus lábios permanecem estáticos,
o seu sorriso desvaneceu-se,
todo o seu ser deixou de ser, só existe fisicamente,
o seu espirito fugiu,
partiu em busca do mundo que se lhe escapou,
por entre aqueles doces beijos e suaves caricias,
mas nunca mais o encontrou...

Susana Nunes

1 comment:

Alexandre Caetano said...

Realmente há certos prazeres do dia a dia que parecem surreais. Mas hoje em dia quem consegue distinguir o real do surreal?