Wednesday, January 25, 2006

Maria de Vasconcelos - Tu que me inventaste

Lembro-me de ti
Inventei-te quando adormecia para me aconchegar
Vesti-te de mar quando não dormia para me embalar

A noite com um riso para me proteger
Desenhei-te asas para não cair
Tornei-te invisivel para ninguém te ver
Contei-te segredos para me seduzir
Lembro-me de ti

Cresci na certeza da tua ilusão para acreditar
Segui os caminhos de glamour e gana para te encontrar
Dei-te sete vidas para não morrer
Perdoei-te a culpa para não sentir
Tornei-te passado para te esquecer
Dei-me mil razões para não te perder
Lembro-me de ti

Mas tu enganaste os códigos do mundo
Chegaste sereno, diposto a ficar
Brincaste traquinas, queimaste a razão
Insuflaste vida na minha invenção
Calaste o meu medo no teu doce olhar
Pediste o desejo de ser desejado
Cortaste o amargo desta solidão
E o inventor, rentinha à certeza
Deixei-me guiar pela subtileza
Para ser sangue em ti
Nessa tua invenção

Lembro-me de ti
Mudança entretida à tua canção para acreditar
Salpiquei-te de água e de tentação para poder chorar
Ensinei-te o jogo para não perder
Pintei-te surpresas para conseguir
Dei-te uma lobada para poder escolher
Dei-me paciência para não desistir
Lembro-me tão bem de ti

Passou tanto tempo desde aquele sonho em que te inventei
Julguei-me curada da terna paixão que ainda te dei
Pensei te esquecido da tua missão
Tornei-te quimera para enlouquecer
Tua "não sei nada da tua invenção"
Zanguei-me contigo só para não perder
Lembro-me de ti

Mas tu enganaste os códigos do mundo
Chegaste sereno, diposto a ficar
Brincaste traquinas, queimaste a razão
Insuflaste vida na minha invenção
Calaste o meu medo no teu doce olhar
Pediste o desejo de ser desejado
Cortaste o amargo desta solidão
E o inventor, rentinha à certeza
Deixei-me guiar pela subtileza
Para ser sangue em ti
Nessa tua invenção

E o inventor, rentinha à certeza
Deixei-me guiar pela subtileza
Para ser sangue em ti
Nessa tua invenção

Lembro-me de ti

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