"O padre de Ranhados, Meda, está barricado desde domingo na sacristia da igreja daquela aldeia, tudo porque o bispo de Lamego o quer transferir para outra paróquia. Os populares, que exigem a permanência do padre na aldeia, fazem-lhe companhia e dão-lhe de comer e beber.
O padre Luís António, de 30 anos, natural de Beira Valente, Moimenta da Beira, e colocado há dois anos em Ranhados, barricou-se na sacristia no final da missa de domingo, realizada às 15 horas. “Não fui sequestrado. Já disse à GNR que estou aqui de livre vontade. Tomei esta decisão após aquela que seria a minha última celebração religiosa nesta paróquia”, salientou o padre.
“Foi uma surpresa o pedido que me fizeram para ficar. Não podia dizer que não a estas pessoas que me acarinharam como filho desde o primeiro dia que aqui cheguei.”
É na pequena sacristia que uma dezena de fiéis acompanha o “padre amigo” e “membro da família de Ranhados”. Levam-lhe as refeições, o café e fazem-lhe companhia. Até quando? “Até que o sr. bispo de Lamego decida que o sr. padre fica connosco”, respondem em coro.
Porque está a “cumprir a vontade dos fiéis”, Luís António afirma estar pronto para assumir as consequências do seu acto que vai contra o voto de obediência que deve ao seu superior hierárquico. As sanções podem passar pela suspensão do padre e dos serviços religiosos à população.
Em seu abono, o pároco alega: “Não estou a desobedecer a ordens superiores, porque se trata de uma obrigação. Obedeço sim ao pedido destas pessoas tal como um bom pastor que trata e não abandona o seu rebanho.” O bispo de Lamego foi apanhado de surpresa com a atitude do padre Luís António. “O que ficou combinado é que no domingo seria a última vez que celebrava em Ranhados, depois iria para Sendim”, disse ao CM o monsenhor Eduardo Russo, vigário-geral da Diocese de Lamego."
Correio da Manhã, 29 de Novembro de 2005.
No comments:
Post a Comment