Monday, April 25, 2005

Sorria!Um carneiro pode estar a olhar para si

«Atormentado por um cacarejar exasperante e um andar grotesco, o frango, com ou sem cabeça, é considerado um dos seres mais estúpidos do mundo. Erradamente: este animal é bastante esperto, revelam estudos recentes. A humilde galinha pode fazer habilidades que deixariam orgulhoso qualquer dono de um cão. É a conclusão de um dos muitos estudos apresentados em finais de Março, em Londres, no maior congresso jamais organizado sobre inteligência animal. Os resultados são formais. Alguns animais, que se pensavam serem completamente estúpidos, sentem emoções geralmente associadas ao homem, como ciúme, humor e dor. Alguns até são capazes de urdir projectos maquiavélicos.
Po exemplo, os carneiros, cujo instinto gregário é frequentemente ridicularizado, são muito bons fisionomistas. Podem lembrar-se de pelo menos dez pessoas e de outros 50 carneiros durante nada menos do que dois anos. Os investigadores do Babraham Institute, em Cambridge, também descobriram que os carneiros são sensíveis às expressões faciais e que, como os seres humanos, preferem sorrisos às carantonhas.
Outros estudos vêm confirmar a ideia de que os carneiros se parecem mais connosco do que pensávamos. Certos testes demonstraram nomeadamente que suspiram pelos seus parceiros ausentes. Para os especialistas, estas conclusões abalam seriamente a ideia de que estes animais não têm «consciência de si próprios», e podem ter consequências importantes nas práticas de produção animal.
Os porcos, por sua vez, parecem ter um quociente intelectual muito superior à inteligência que normalmente se atribui a um animal de cativeiro. Investigadores da Universidade de Bristol descobriram que estes animais são bons fingidores e não hesitam em enganar os seus congéneres para poderem comer mais.
Em matéria de alimentanção, os frangos, por sua vez, são modelos de auto-controlo: podem renunciar a uma gratificação imediata, se pensarem poder obter mais tarde uma porção maior. Estas aves têm, além disso, uma maior consciência do espaço do que as crianças de tenra idade. Os testes demonstraram, nomeadamente, que conseguem aprender a abrir portas e a orientar-se num labirinto, com uma rapidez que se pensava reservada aos cães e aos cavalos. Ginger, a galinha que em Chicken Run abre as portas da liberdade às suas parceiras, talvez não esteja tão longe da realidade como os seus criadores imaginavam.
Os resultados que podem comover mais as associações de protecção dos animais são os que demonstram que os frangos são sensíveis à dor. Em experiências realizadas, os frangos que sofriam de um mal-estar ou de um ferimento qualquer optavam sempre pelos alimentos aos quais tinha sido adicionada morfina. Os frangos de boa saúde escolhiam os alimentos sem analgésico.
Os cientistas e delegados dos governos de 43 países, que vieram discutir a forma como a sociedade deve tratar os animais, aprenderam, entre outras coisas, que os ratos selvagens fabricam os seus próprios painéis indicadores, utilizando pequenos ramos e pedras para assinalar os locais onde a comida abunda e utilizam atalhos para voltar ao seu buraco. O papagaio mostrou-se à altura da sua reputação: um papagaio cinzento assimilou mil palavras e aprendeu a comunicar com uma facilidade que envergonharia certos adultos. Os papagaios parecem ter uma inteligência comparável à de uma criança com cinco anos.
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Por: Mark Townsend, The Observer, Londres
Fonte: Courrier Internacional - versão portuguesa, nº3

1 comment:

Anonymous said...

Muito, muito interessante.