"Em primeiro lugar, reparem que, tanto a anoréctica da Marta como o locutor (estilo Rádio Difusão Portuguesa), dizem MELHÉR, o que é espantoso. Como se já não fosse desonroso o suficiente, anunciarem um produto claramente sexista e díscriminatório, ainda acentuam a faceta grunha e ignorante. E eu juro: juro que não sou feminista em especial, que me estou um bocado nas tintas para a porrada entre os sexos e que sou de opinião de que cada um se safe à sua maneira, de preferência juntos. Mas, francamente, como será tal seguro? Em que se traduzirá tal aberração? Terá especialmente em conta riscos de baton e de rímmel e manchas de base na pele alcântara? E terá em conta os riscos na pintura ao lado da fechadura, para aquelas que não acertam no buraco apesar do esforço? Virá com pacotes de pensos higiénicos de oferta por mês? Um dildo de oferta anual? Será um seguro especialmente compreensivo naqueles dias do mês? Baixará o prémio durante o TPM, atendendo à vontade científicamente comprovada de nós, melhéres estrafegarmos terceiros- condutores e outros - durante o referido período? E o prémio? Aumenta ou diminui se a melhér vier atrelada a filhos, cadeirinhas e restos septuagenários de happy meals nos interstícios do carro? Trará incorporado consigo um serviço de limpeza mensal, quiçá uma empregada ucraniana, uma vez que todos sabem que a melhér é, por natureza, badalhoca? Existirá uma maior cobertura contra choques de traseira, para prever aqueles momentos em que a melhér, burra, se distrai, e dá uma espreitadelazinha na Caras que acabou de comprar, atende o telefonema da amiga, usa o fio dental ou pinta os olhos no espelhinho da pala? É muito má, a ideia. Mas também é muito boa e aposto que vai ser um sucesso do caraças. O país que temos é o país que temos."
Por vieira do mar.
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