Friday, March 03, 2006

Freitas do Amaral foi ao Parlamento falar dos ‘cartoons’. Quem me lê sabe que estou em desacordo com ele. Mas, ontem, gostei. Ele virou-se para Telmo Correia, do CDS, e lançou-lhe: “É preciso topete!”. Se há coisa que me comove é a defesa de palavras em extinção.
Topete é poupa (à Tintin) que os jovens voltam a usar mas que desapareceu da nossa conversa. É comum no Brasil: algumas espécies de beija-flor são de topete, e topete dizia-se do penteado do ex-presidente Itamar Franco. Mas, por cá, Eça foi o último a usar. Em ‘Os Maias’, ouve-se dizer, como ouviu Telmo Correia: “É preciso ter topete!”. E em ‘A Cidade e as Serras’ fala-se de uma “cantiga meio porca” mas com “topete”. Eu tirava Freitas dos Negócios Estrangeiros e punha-o ministro das Palavras Antigas.


Por Ferreira Fernandes, em Correio da Manhã.

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