Existem momentos em que nos defrontamos com a fragilidade da vida humana e com a presença constante da morte ao nosso lado. Esta é completamente imprevisível e bate-nos à porta em qualquer altura, estejamos preparados ou não. E foi com um momento desses que o mundo inteiro se deparou no dia 26. O tsunami que atingiu a costa do sudeste asiático deixou um rasto de destruição. Morreram milhares de pessoas (neste momento a estimativa vai para 60 mil, mas não vai certamente ficar por aqui), tanto habitantes locais como turistas, ruiram casas, hotéis, lojas, terrenos agrícolas foram completamente inundados, e demorará anos até voltarem a ser férteis (devido ao sal da água), desapareceram muitas embarcações... Tudo isto em países do 3º Mundo, que já antes sofriam de carências enormes e cujas populações já antes viviam com muitas necessidades, mesmo das mais básicas. E agora? O que vai ser dos que ficaram? Como vai esta gente sepultar os seus mortos, tratar dos feridos, alojar os desalojados, evitar as epidemias? Como vai esta gente arranjar meios, que já antes não tinham, para recuperar aquilo que pode ser recuperado nos seus países? É estranho como as televisões e os jornais dão uma ênfase especial aos casos de sobreviventes (os tais milagres de que falam) e à ajuda humanitária. Pergunto-me se não será pela dificuldade que o ser humano tem de lidar com a morte e com a força da natureza (muito maior do que a sua). Vivemos todos os dias como se tivessemos pleno controlo sobre as nossas vidas, como se a morte tivesse hora marcada para chegar, uma hora que nós marcaríamos. Apesar de todos termos, racionalmente, a noção de que não é assim, não é nisso que se traduz a maneira como vivemos a vida, infelizmente. Porque se fosse, não nos preocupariamos com nada que não valesse a pena e aproveitaríamos tudo ao máximo.
Este blog está de luto (como sempre esteve), não só pelos que morreram devido ao tsunami, mas por todos os que vivem e não o aproveitam.
Susana Nunes
10 comments:
gostei particularmente do último parágrafo...
é bom ver alguém inspirado para variar... ;P
Uma pequena brincadeira, o mar não é salgado, lembras-te do mail que andou por aí a correr?
Enfim... realmente é verdade que os países agora vão ter as suas dificuldades para se recomporem de tamanho desastre.
Mas agora fiquei curioso, sempre tivemos de luto?... Porquê?
Oh meu amigo... o que não falta pr'aí são motivos para se estar de luto...
Chuta!
Tu, que passas a vida a reclamar de tudo, deverias saber tão bem quanto eu...
Mas eu reclamo da minha vida, e nada nem ninguém para além do meu ser, pode mudar aquilo que se passa à minha volta.
oh shôr alexandre se isso fosse verdade não tinhamos ninguém a queixar-se da vida, pq só elas decidiam o q se passaria com elas e ninguém teria razão de queixas... agr, se acredita mm nisso, o shô alexandre já devia ter parado com as lamentações q constantemente «assolam» os seus escritos, ou o shô alexandre terá prazer em sofrer? N me diga, oh shô alexandre, q vossa «chelência» é masoquista... isso são coisas do demo... (ler de forma irónica, como de um diálogo entre um pequeno-burguês e um aristocrata, num contexto socio-económico português dos anos 30 se tratasse...) ;) lol
Mas vejamos, eu nunca disse que sofrer é mau, não é bom, mas também não é mau. Se não sofressemos, conseguiriamos dar valor às alturas em que o sofrimento não existe? Pois é, temos sempre que analisar as coisas de duas maneiras. Além disso, as coisas que eu escrevo podem não só mostrar o lado mau das coisas, mas sim, também, o lado bom. Talvez esteja mais escondido do que as más, mas elas também estão lá. Agora pede a um analista que leia aquilo e que retire de lá tudo o que ele vê
Não me parece que alguém tenha dito que sofrer é mau, já que é nas alturas de sofrimento que mais crescemos e, tal como disseste, aprendemos a dar mais valor àquilo que é rewalmente importante. Mas, ser-se apologista do sofrimento é outra coisa, e é isso que não é muito positivo.
Só um à parte: http://despsi.blogspot.com/2004/12/miss-estupidez-2004.html#comments .
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