"Em Março de 1975 Portugal já tinha informado os Estados Unidos não ser sua intenção resistir a uma possível invasão de Timor-leste pela Indonésia. A informação é revelada por documentos secretos que Washington agora divulga.
Visão Online, 29 Nov. 2005
Depois de uma análise militar norte-americana ter concluído que Portugal, com o mínimo de preparativos, tinha a capacidade de «encurralar» os indonésios em Díli, devido à falta de apoio dos timorenses a uma invasão Indonésia e
às dificuldades do terreno, documentos secretos agora divulgados vêm mostrar que Portugal já tinha informado os Estados Unidos não ser sua intenção resistir a uma possível invasão.
Os documentos mostram a frustração indonésia para com a falta de resposta de Portugal à crescente crise em Timor durante 1975 e ainda a má informação sobre a situação política em Portugal por parte de um proeminente oficial indonésio.
Por outro lado, os memorandos revelam que em Novembro desse mesmo ano o actual ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-leste, José Ramos Horta, contactou desesperadamente a embaixada norte-americana na Austrália para apelar à «ajuda politica e económica à Fretilin» e avisar que a invasão indonésia a Timor-Leste estava «iminente».
A Indonésia invadiu Timor-leste em Dezembro de 1975 com conhecimento prévio dos Estados Unidos.
Os documentos foram dados a conhecer na segunda-feira pelo Arquivo de Segurança Nacional (National Security Archive), um centro de estudos que se especializa em tentar angariar e publicar documentos governamentais, muitas vezes secretos.
A organização deu agora a conhecer 39 documentos até agora secretos sobre os contactos diplomáticos em redor de Timor-leste após a queda da ditadura em Portugal que levou à descolonização.
Poucos meses após o golpe de estado em Portugal em 25 de Abril de 1974,
o governo indonésio começou de imediato a sondar os Estados Unidos sobre a posição de Washington quanto a Timor-leste e a sua possível anexação por parte de Jacarta. Em Dezembro de 1974 um funcionário do Conselho de Segurança Nacional enviou um memorando ao então conselheiro de Segurança Nacional Henry Kissinger informando-o que num contacto com o adido de defesa da Indonésia ficou a saber que «o governo indonésio estaria interessado em saber a atitude norte-americana para com Timor Leste» (e, por implicação a reacção portuguesa à possível tomada de controlo pela Indonésia).
O funcionário sugere a Kissinger que convide entidades indonésias para conversações sobre essa e outras questões ao que Kissinger dá sua aprovação com uma assinatura no final do documento por baixo da palavra «aprovado». Poucos meses depois, em Março de 1975, um memorando «ultra-secreto» de três paginas endereçado a Henry Kissinger pelo mesmo funcionário do Conselho de Segurança Nacional avisa que a Indonésia receia que «uma retirada apressada dos portugueses deixará Timor enfraquecida sujeita aos instintos esquerdistas de uns poucos lideres do movimento independentista, líderes que os indonésios receiam serem influenciados por Pequim».
O documento informa estarem a crescer as pressões dentro da Indonésia para «acção militar directa». «Temos alguma informação indicando que estão a avançar preparativos par a essa acção e uma informação que Suharto deu ordens para incorporação de Timor português não mais tarde do que Agosto de 1975, pela força se necessário», lê-se no documento."
Tuesday, November 29, 2005
"Heróis do mar, nobre Povo, Nação valente, imortal (...)"
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1 comment:
Uma prova irrefutável da incompetência do processo de desolonização. E já agora, em quem vão votar? :P
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